terça-feira, 12 de novembro de 2013

ATIVIDADE MÓDULO 2.1– MAPEAMENTOS INICIAIS


Nota-se que há uma grande mudança cultural no comportamento dos jovens, e uma das características dessa mudança é a ruptura com os padrões de comportamento dos pais.
Isso se deve, em boa parte, ao fato de que a juventude faz parte de uma nova geração, nascida e criada sob o signo da informação e da comunicação e, parte da explicação desse fenômeno está no surgimento da televisão. Ao interferir na relação dos jovens com o mundo adulto, a televisão detona uma mudança radical das relações que se dão na família, levando a um debilitamento social dos controles familiares. É claro que não é a televisão sozinha que provoca essas mudanças, mas ela cataliza movimentos presentes na sociedade, como, por exemplo, as condições de vida e trabalho que intervêm na estrutura patriarcal, no trabalho feminino, na redução do número de filhos, as novas formas de relacionamento conjugal, a percepção do papel da mulher etc.
Há quatro fatos que precisamos saber em relação ao comportamento da juventude. O primeiro é a percepção, ainda obscura e confusa, de uma reorganização profunda nos modelos de socialização: nem os pais são mais o padrão de conduta, nem a escola é um único lugar de transmissão de saberes, nem o livro é o único educarticulador da cultura. O segundo é a constatação de uma sensibilidade desligada das formas de cultura mais convencionais e ligada à cultura tecnológica, “que vai da informação absorvida em sua relação com a televisão à facilidade de manejo da complexidade das redes informáticas”. O terceiro é o aparecimento de um novo tipo de sensibilidade das crianças e dos jovens, que é sua ligação com imagens, sons, fragmentações, velocidades, ou seja, o jovem de hoje está exposto a novas formas de sentir, de ouvir, de ver, a novas formas de linguagem, baseadas na tecnologia, e que vão de encontro com o modo
de perceber e de sentir dos adultos. Finalmente, o quarto, é que a escola deixou de ser o único lugar de legitimação do saber; há uma multiplicidade de saberes que circulam em inúmeros canais e lugares. Em frente ao professor, sentam-se alunos 'empapados' de outros saberes, outras lingua-
gens que circulam na sociedade, que não são saberes organizados como as matérias de ensino, mas saberes-mosaico, porque são fragmentos, pedaços da realidade, ainda que expressem o que se passa na cabeça das crianças.
A relação estreita dos jovens com as mídias se manifesta, também, numa outra lógica de organização da cidade e de ocupação de espaços. Ao mesmo tempo em que se constata a expansão urbana, dá-se a densificação dos meios massivos e das redes eletrônicas, em que as redes audiovisuais provocam uma nova diagramação dos espaços e intercâmbios humanos. Pode-se dizer, segundo Martín Barbero (2002), que habitamos um novo espaço comunicacional, em que se criam novos modos de estar juntos, a ponto de os espaços de mediação e experiência tecnológica substituírem a experiência pessoal e social. "Os engenheiros do urbano já não estão interessados em corpos reunidos, os preferem interconectados [...] é de casa que as pessoas exercem agora cotidianamente sua conexão com a cidade" (MARTÍN BARBERO, 2002, p. 4). Há ainda outros temas abordados por Martín Barbero, já familiares à sociologia e à geografia, como o não-lugar, espaços onde as pessoas são liberadas de fazer valer sua identidade, não necessitam falar nem
ser interpelados por ninguém, a música, as bandas, que compõem a configuração desses novos modos de ser da juventude.
Essas análises do pesquisador em comunicação devem mobilizar a atenção e a sensibilidade dos professores, já que explicitam a cultura dos alunos, a cultura que os jovens vão constituindo e na qual buscam modelos para construir suas identidades. Estamos diante de novas sensibilidades,
novas linguagens, outros modos de percepção do espaço e do tempo, da velocidade dos alunos e das imagens, do global e do local, que, indubitavelmente, modificam os modos de aprender dos alunos e, claro, os modos de ensinar. Martín Barbero (2002, p. 7) é afirma com toda ênfase:
Somente assumindo a tecnicidade midiática como dimensão estratégica da cultura e que a escola pode hoje interessar a juventude e interagir com os campos de experiência em que se processam
essas mudanças: desterritorialização/relocalização das identidades, hibridações da ciência e da arte, das literaturas escrituras e as audiovisuais [...] assumindo essas transformações a escola poderá interagir com as novas formas de participação cidadã que o novo entorno comunicacional abre hoje à educação.

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